“O DIÁLOGO PARA UMA CONSTRUÇÃO DE UMA CULTURA DE PAZ”

A Ordem Franciscana Secular de Mogi Mirim, fraternidade São Damião, juntamente com os frades da TOR, Convento Nossa Senhora de Fátima, realizaram no dia 15 de setembro de 2019, das 8h30 às 12h, o 3º Despertar para Francisco. Estiveram presentes mais de 120 pessoas e trata-se de encontro fraterno com reflexão sobre uma faceta da espiritualidade franciscana.

Neste domingo o tema escolhido foi “O Diálogo para a construção de uma Cultura de Paz”, tendo em vista a comemoração dos 800 anos do Encontro entre Francisco de Assis e o Sultão. A reflexão ficou a cargo do frei Zeca que desenvolveu a temática enfatizando a importância da comemoração deste encontro histórico para os franciscanos e também para toda a Igreja, onde Francisco de Assis busca cultivar todas as iniciativas de diálogo, de encontro e de amizade com o Sultão como forma de estabelecer um espírito de reciprocidade entre crenças e culturas por vezes consideradas antagônicas.

Como autêntico testemunho do Evangelho, Francisco abre a possibilidade de um diálogo pelo lado muçulmano e nos ensina que devemos nos esforçar sempre mais para uma abertura ao que consideramos diferente de nós. Com a convicção de que, por sermos chamados por vocação a construirmos pontes e não muros, por sermos instrumentos de paz, devemos cultivar a graça do encontro e da amizade como forma de ir na direção oposta à cultura do choque de civilizações, de ideias, de experiências religiosas e de convicções políticas.

Frei Zeca apresentou o testemunho do atual Custódio da Terra Santa, frei Francisco Patton, que numa entrevista disse: “Como franciscano creio que posso dizer que o testemunho eficaz sempre tem uma conotação de ‘minoridade’, ou seja, que entra na vida dos outros na ponta dos pés, sem pretensões, com abertura de coração e disponibilidade. Se não houver esta premissa, as nossas palavras, que também são muito importantes e devem ser um eco da Palavra, vão ressoar no vazio ou como uma tentativa de persuasão que não sabe respeitar a ação do Espírito na consciência do irmão”.

O 3º Despertar diante da importância histórica deste face a face de Francisco de Assis e o Sultão e que não cessou de fascinar os espíritos ao longo dos séculos se revestiu de grande entusiasmo para nossa caminhada franciscana diante de tanta intolerância e polarizações. O Papa Bento XVI disse na Encíclica Caritas in Veritate “A globalização fez-nos vizinhos mas não nos tornou irmãos”. Nossas ações concretas devem estar cada vez mais revestidas da constante construção de uma Cultura de Paz.  O diálogo interreligioso é o chão oferecido pela nossa espiritualidade cristã-franciscana como busca árdua para vencermos a intransigência e a permissividade, o fanatismo e o ceticismo. Exige de nós esforço, respeito pela diferença do outro e, por isso mesmo, pela sua liberdade.

Por fim, mais do que exercer a tolerância somos convocados a suportar com amor. Isto implica em primeiro lugar deixar de ver o outro como inimigo.